quarta-feira, 23 de julho de 2008

No dia da Chacina da Candelária, manifestação exige aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente

Dor e esperança. Alegria e indignação. Esses sentimentos se misturavam no ato público em defesa da vida e na missa dos 15 anos da chacina da Candelária, realizados na manhã dessa quarta-feira, dia 23 de julho, na Igreja da Candelária. O ato seguiu em direção a Câmara dos Vereadores do Rio com o objetivo de reivindicar a efetiva concretização do Estatuto da Criança e do Adolescente, que em 2008 completa 18 anos.A missa teve como marca a emoção. A alegria de cores e rostos infantis na igreja tomada por centenas de crianças de diversos projetos sociais se contrastava com o sofrimento de mães de meninos e meninas vítimas fatais da violência urbana e da brutalidade policial. Mães da Candelária, de Vigário Geral, da Baixada, do Alemão, do Morro do Estado ou da Providência. Todos exigiam que o Estatuto da Criança e do Adolescente fosse aplicado na prática e que o derramamento de sangue das crianças de nosso país tivesse fim.- Na missa de um ano da chacina da Candelária tínhamos o primeiro banco ocupado por mães de crianças vitimadas. Hoje, é triste ver quatro fileiras completas de familiares dessa meninada que teve sua vida levada pela brutalidade humana. Embora nesses anos tenhamos conseguido dar mais visibilidade as leis em defesa da criança, observamos o crescimento vertiginoso do número de crimes contra à infância. Isso é um absurdo! Uma corrida desigual – indigna-se Ana Ribeiro, do Fórum de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Niterói.A missa celebrada pelo abade Roberto Lopes, responsável pelo Mosteiro do São Bento, ficou com suas galerias completamente tomadas. Representantes de movimentos sociais também marcaram presença. Os candidatos à prefeitura do Rio, Chico Alencar (PSOL) e Alessandro Molon (PT), participaram da celebração.- Só quero que acabe a covardia! Nós que moramos na rua vivemos com medo. Temos que dormir em grupo. Uns dormem e outros têm que ficar acordados. Ficamos com medo de sermos agredidos, atacados e até queimados. Só estamos na rua porque não temos um teto, um abrigo. Só queria uma oportunidade para trabalhar e estudar – completa o jovem engraxate Márcio Linhares, de 20 anos, que ao completar a maioridade foi despejado do abrigo em que vivia.A caminhada foi encerrada na Cinelândia, no início da tarde. Mas os movimentos presentes seguem em defesa dos direitos das meninas e meninos brasileiros. Como saldo de reflexão e mobilização da atividade fica a idéia descrita na faixa que abria a passeata: “Estatuto da criança e dos adolescente: queremos na prática!”

Fonte: Agência Petroleira de Notícias

www.apn.org.br

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