terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Nahuel Moreno - 1924 - 1987 - 25 de janeiro

*UIT-QI


Neste dia 25 de janeiro, completa-se 25 anos do falecimento de Nahuel Moreno, um dos dirigentes trotskistas latino-americanos mais importante do século XX.
Apresentamos a continuação de um resumo biográfico realizado pela Unidade Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional, a título de homenagem ao dirigente marxista que teve uma influência decisiva na formação de distintos agrupamentos revolucionários em nosso continente.

Nahuel Moreno (1924-1987) foi um dos principais dirigente do trotskismo latino-americano. Nasceu na Argentina e dedicou praticamente toda sua vida a acompanhar as lutas operárias e populares e a impulsionar a construção de partidos socialistas revolucionários leninistas. Começou sua atividade política no seio do movimento operário argentino em 1943-44, com a fundação do Grupo Operário Marxista (GOM).

Um dos primeiros desafios foi responder ao novo fenômeno do surgimento do peronismo e o giro massivo dos trabalhadores ao mesmo. Em 1945 seu pequeno grupo teve uma destacada atuação na greve dos frigoríficos. Em 1948 viajou a Europa para participar pela primeira vez em um congresso mundial da Quarta Internacional, que tinha sido fundada em 1938 por Leon Trotsky.

Desde o final dos anos 40 e início dos anos 50, o movimento trotskista começou a passar por um longo processo de crise, divisões e desagregação (provocado em grande parte pela brutal perseguição que sofreu por parte do stalinismo, começando com a morte de Trotsky em 1940), que ainda não foi superada. Dentro do movimento trotskista Moreno foi dando forma a uma corrente caracterizada por sua ligação permanente com as lutas operárias e camponesas do continente. A partir dessa localização polemizou diversas vezes com as posições de outro dos dirigentes trotskistas, também muito conhecido como economista, o belga Ernest Mandel (do “Secretariado Unificado”).

Sob a direção de Moreno, diversos grupos e partidos em diferentes países se destacaram por seu dinamismo e sua permanente vinculação com os processos de luta e organização dos trabalhadores. Na Argentina, o partido impulsionado por Moreno teve vários nomes (POR, PSRN, Palavra Operária, PRT, PRT (La Verdad), PST (que foi colocado na ilegalidade em 1976 pela ditadura), MAS (fundado em 1982). Na década de sessenta, enquanto impulsionava a defesa da revolução cubana, polemizou sistematicamente com as concepções guerrilheiristas.

Também naqueles anos, em 1961,acompanhou diretamente a experiência de sindicalização camponesa e a ocupação de terras, encabeçada por Hugo Blanco nos vales peruanos da Convenção e Lares. Nos anos setenta, o PRT (La Verdad) primeiro e depois o PST, foram se construindo defendendo as posições operárias e socialistas e polemizando contra o guerrilheirismo do PRT-ERP (orientado por Mario Roberto Santucho) e dos Montoneros, pertencentes ao peronismo. Em 1979, a partir do exílio em Bogotá, impulsionou a formação da Brigada Simon Bolívar, que combateu junto a FSLN (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional – Nicarágua) na luta contra Somoza. Em 1982 formou uma corrente internacional, a LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional) , que se transformou rapidamente no pólo mais dinâmico do trotskismo latino-americano daqueles anos. Depois de seu falecimento, em janeiro de 1987, houve um processo de discussão e crise em sua corrente. Atualmente distintos grupos seguem reivindicando seu legado e sua trajetória.

O que é ser trotskista hoje?

Em muitos países há partidos, grupos ou personalidades que se reivindicam trotskistas. Podemos dizer que é um movimento muito heterogêneo, dentro do qual existem os debates e diferenças que se dão no conjunto da esquerda.
Nossa corrente foi se formando e se desenvolvendo desde os anos quarenta
sob a direção de Nahuel Moreno, que era, quando faleceu em 1987, o mais importante dirigente trotskista latino-americano. Moreno insistia sempre que ser trotskista significava ser consequentemente marxista, quer dizer, buscar cientificamente a verdade, entender a realidade para modificá-la em um sentido revolucionário. E isso significava ser crítico, até do próprio Marx e Trotsky. Podemos resumir nos três seguintes pontos nossa “carta de apresentação”:

1) Enquanto existir o capitalismo no mundo ou em um país, não há solução de fundo para os crescentes problemas dos trabalhadores e todos os oprimidos. A grande tarefa é eliminar o domínio capitalista, rompendo com a burguesia e o imperialismo. Daí a necessidade de impulsionar a mobilização e impor governos operários, populares e camponeses, para começar a implementar as mudanças de fundo até ao socialismo. Por isso, é característico de nossa corrente a crítica aos governos que, dizendo-se de esquerda ou inclusive “socialistas”, mantém a aliança com os empresários e o imperialismo; que propõem não romper com os exploradores, com as equivocadas saídas “antineoliberais” ou de “economia mista”, enquanto fazem promessas de redistribuição de renda ou, inclusive, de construção do socialismo, dentro do capitalismo.

2) A luta dos trabalhadores é inseparável da mais ampla democracia, do combate implacável contra a burocracia e o totalitarismo do “partido único”,mesmo que este se proclame revolucionário. Sem democracia operária é impossível avançar em direção ao socialismo. A queda das ditaduras burocráticas na URSS e no Leste Europeu em 1989/91 demonstrou isso. E nos sindicatos dominados por dirigentes vendidos há que colocá-los abaixo, impondo novas direções que impulsionem as assembléias e o respeito às decisões da base, para levar, assim, as lutas ao triunfo.

3) A burguesia e o imperialismo dominam o mundo. São ajudados por dirigentes políticos e sindicais vendidos e reformistas, que ganham o apoio dos trabalhadores para iludi-los com falsas saídas e permitem, assim, a sobrevivência do capitalismo como sistema mundial. A libertação dos trabalhadores exige uma resposta também mundial. Só uma direção revolucionária e internacionalista, que impulsionando o desenvolvimento dos partidos revolucionários em cada país, possa levar ao triunfo a luta definitiva para acabar com o capitalismo e implantar o socialismo.

Em síntese: ser trotskista significa lutar por construir uma Quarta Internacional e seus partidos, que retome as tradições revolucionárias das experiências anteriores, para dar uma direção conseqüente às lutas que hoje sacodem o mundo e implantar os governos dos trabalhadores e o socialismo mundial.
Toda longa caminha começa com um primeiro passo. Para avançar rumo aos objetivos traçados acima, impulsionamos a construção da Unidade Internacional dos Trabalhadores (UIT-QI).

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